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Processo eleitoral 2022 demonstra fragilidade no empoderamento da base dos Policiais Civis e nossa ineficiência em explorar nossos recursos principais

17/10/2022

Por Marcilene Lucena*

O processo eleitoral não findou e em pelo menos 12 Estados ainda haverá eleições em 2º turno. Com 15 entes federados com governadores já eleitos e as eleições minoritárias fechadas em todo o país, um cenário preocupante se avizinha e tudo passa pela política e se efetiva no reconhecimento salarial de nossa categoria. 


Tivemos êxito no processo eleitoral 2022? 

Bem, com todo respeito, peço que você faça uma autoanálise e responda para si mesmo: O que você fez para nós (policiais civis do Brasil) termos êxito no processo eleitoral de 2022?

O que posso adiantar é que, independente de sua autocrítica, o balanço não foi positivo e demonstra muitas coisas que são preocupantes e vou aponta-las, mas sempre lembrando que é apenas uma opinião, a minha opinião como representante classista e policial civil. 

Começando pelo cenário do Congresso Nacional, o que ocorreu foi um incremento significativo de parlamentares oriundos das forças de segurança sem nenhum avanço no que diz respeito a policiais civis da base, ou seja, não delegados e, principalmente oriundos de uma articulação classista. 

Em 2018, muitos surfando na onda Bolsonarista, em dados oficiais do TSE, 28 membros da segurança pública foram eleitos para Câmara Federal e, desta vez, em 2022, 38 entre policiais e militares irão ocupar postos na referida casa legisladora. Ora, se temos apenas um Policial Civil da base e 14 Delegados, não podemos dizer que avançamos neste quesito, especialmente se considerar que em 2018 eram 08 delegados Deputados Federais. Nesta matemática, restaram outros 23 cargos ocupados por militares (pm e exército), policiais federais e rodoviários federais.

O trabalho para nosso Empoderamento Político passa por várias etapas e sua concretização não ocorre do dia para a noite. Quer ver um exemplo? Você acha que os policiais eleitos foram frutos de um projeto bem pensado, planejado, estruturado, executado e acompanhado de forma orgânica? Te convido a ler a matéria do jornal virtual ponte.org, com o Título: 

“Bancada da Bala troca Policiais Sindicalistas por Influencers na Câmara”

Não é difícil fazer um diagnóstico, mesmo que superficial desse cenário. O primeiro diagnóstico: as bases estão tendo pouca ou nenhuma influência no resultado eleitoral daqueles que alcançaram resultados. O segundo: a sociedade busca o que fazemos, se interessa pelo que realizamos em nosso dia a dia funcional, no entanto, precisamos ter uma forma eficiente de fazer com que essa informação chegue ao grande público de uma forma que possamos explorá-la inteligentemente. E de forma alguma falo isso apenas com o anseio de resultado político, mas concentrada especialmente na repercussão social que precisamos garantir para uma maior aproximação do público a quem servimos. 

Ora, talvez alguns venha com a desgastada retórica de que os delegados possuem a exclusividade de informação e em alguns lugares o policial pode até ser punido se falar sobre uma investigação. Fato! Mas é fato também que nunca procuramos de forma organizada e consciente mecanismos para explorar nosso conteúdo laboral de forma a nos aproximar da grande massa e estamos perdendo tempo, pois tem uma galera “jogando confete” com nosso trabalho há pelo menos uns 30 anos e tendo resultados... Antes mesmo das redes sociais.

O que precisamos? Estratégia, Organização, Contundência e Constância.

No total, como divulgamos em nossa última matéria congratulando os colegas da base com resultado positivo, 87 policiais e militares forame eleitos em 2022, computando, neste sentido, tivemos 49 eleitos para as Assembleias Legislativas nos Estados, sendo apenas 07 eleitos de nossa base, com dezenas de suplentes em todo o Brasil. 

Bem, pior seria se não tivesse ido nenhum, mas precisamos realizar uma leitura minuciosa sobre os resultados apresentado, pois mostra muito do que fizemos e, por trás, muito do que pode e deve ser feito. 

O Empoderamento Político não é um evento casual. O Empoderamento Político é um processo que deve como tal ter os devidos procedimentos para o alcance de resultados que esperamos e achamos merecer. 

A FEIPOL-CON iniciou campanha “Policiais Civis CON Política” 100 dias antes das eleições de 2022 e ela permanecerá com uma nova roupagem, mas ainda assim conduzindo nossas entidades e a categoria representada para um caminho de maior consciência e consequente amplitude de participação dos Policiais Civis do Brasil na política e na sociedade, pois, embora as dificuldades seja distintas na busca por resultados, estas são gigantescas em todos os lugares, seja no âmbito funcional, sindical e político. 

Trabalho, organização, determinação e coragem nunca faltarão.  

Nas próximas semanas a FEIPOL-CON buscará a realização de lives com os Policiais Civis eleitos, iniciando com o Vereador de Palmas e Deputado Estadual eleito Moisemar Marinho, já amanhã, 18 de outubro às 19h (Horário de Brasília).

 

* Escrivã de polícia no estado de Tocantins e presidente da Federação Interestadual dos Políciais Civis das Regiões Centro-Oeste e Norte.