COMUNICADO Nota de Pesar: Julia Zomer Continue Lendo
22/02/2017
Local insalubre, alimentação de má qualidade e efetivo insuficiente são alguns dos inúmeros problemas detectados em Cuiabá
Referência no atendimento de ocorrências, o Plantão Central de Flagrantes de Cuiabá ??? Cisc Norte acumula inúmeros problemas que precisam ser resolvidos, com urgência, para não entrar em colapso. A constatação foi feita nesta terça-feira (21), pelo presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia Judiciária Civil ??? Sindepojuc, Davi Nogueira.
Ele esteve no local para chamar a atenção do governo sobre as dificuldades que os policiais enfrentam para cumprir a jornada de trabalho e por receio a represália não divulgam. Um agente chegou a ser punido quando denunciou.
???Qualquer cidadão que for à Central de Flagrantes vai constatar as mazelas do local que é insalubre. Por isso, estamos levando todas as informações à diretoria da Polícia Judiciária Civil, inclusive o próprio secretário Rogers Jarbas tem conhecimento da situação. Acreditamos que está faltando um pouco de boa vontade para encarar o problema e resolvê-lo definitivamente. Esperamos que com essa denúncia alguma providência seja tomada, para que os policiais tenham um pouco de dignidade e conforto no desempenho das suas funções???, afirmou Davi, ao destacar que a situação da Central de Flagrantes é um problema crônico que já se arrasta há anos.
Além do sucateamento por falta de manutenção, segundo o presidente Davi, o prédio não comporta a demanda de ocorrências; parte de suas salas estão sendo usadas como depósito dos objetos apreendidos. O mesmo acontece no pátio, que está superlotado de veículos e motos oriundos de delitos e que se tornam criadouro de insetos e roedores.
???Sem o direcionamento correto e eficiente, os produtos e veículos se acumulam piorando ainda mais a condição insalubre do local. Com isso, faltam salas adequadas para atendimento correto e seguro do cidadão???, acrescentou.
Para se ter ideia das dificuldades, uma das salas está com o ar condicionado quebrado há pelo menos três meses e sem previsão à manutenção. Davi Nogueira percorreu algumas delas e pode constatar portas quebradas ou sem maçanetas, banheiros e copa danificados, dentre outras necessidades.
Com efetivo reduzido, a equipe que recebeu Davi Nogueira, hoje, sugeriu um prédio exclusivo à Central de Flagrantes e mudança no horário de plantão. Para os escrivães, o ideal seria das 6 às 18 horas ou das 8 às 20 horas. Isto porque o maior fluxo de ocorrências acontece a partir das 17 horas e, segundo eles, a troca de turno não prejudicaria no atendimento.
???Trabalhamos no limite. Na minha equipe somos quatro escrivães e se um de nós tiver um imprevisto a situação piora, principalmente após às 17 horas quando aumenta a demanda. ?? preciso ter diálogo entre o titular da delegacia e os policiais militares para que nosso trabalho melhore???, disse um escrivão, ao se referir aos inúmeros materiais apreendidos e, às vezes desnecessários para a investigação da ocorrência, que acabam nos depósitos improvisados na delegacia.
ALIMENTA????O - Os policiais reclamam também da refeição que recebem. Todos são unânimes em dizer que é um desperdício o dinheiro gasto com a alimentação, servida por empresa terceirizada, de má qualidade que obriga os policiais a jogar toda a comida fora, sem nenhum aproveitamento. Um investigador, que prefere não ser identificado, disse que em quatro meses de trabalho na Central, a primeira vez que resolveu desfrutar dessa refeição teve uma intoxicação alimentar. ????? um grande desperdício do dinheiro público que vai para o lixo???, afirmou.
Davi disse que não entende por que o governo não acatou a sugestão da categoria em liberar o auxílio alimentação para que cada policial possa escolher o que e onde se alimentar. Atualmente, questionam que o jantar chega, geralmente, por volta das 16 horas, o que inviabiliza o trabalho. ???Isso só existe aqui na Capital e todos reclamam que o arroz é cru e a carne muito gordurosa. Na verdade é um dinheiro que está sendo desperdiçado pelo governo. Isso já foi levado às autoridades e a refeição poderia ser cancelada porque não fará falta???.
Insegurança - De acordo com o advogado Rodrigo Marinho, que atua desde 2005 nessa área, a situação é extrema, pois o local não oferece nenhuma sala para que advogados conversem com seus clientes e nem saída de emergência.
???A estrutura é precária porque não tem saída pelos fundos e o contingente policial é mínimo. Ficamos em contato direto com presos nas celas ou corredores dependendo do horário e número de ocorrências. Mesmo assim, reconhecemos que os policiais nos atendem muito bem, apesar da falta de estrutura???, explicou.
ITIMARA FIGUEIREDO - Redação