COMUNICADO Nota de Pesar: Julia Zomer Continue Lendo
07/04/2017
ITIMARA FIGUEIREDO - Redação
Formada por gente simples, acolhedora e de boa conversa. Assim é Cuiabá, a capital mato-grossense que completa 298 anos dia 8 de abril, nutrindo amor a todos, sem distinção, seja nato ou ???pau rodado??? - gente que escolheu Cuiabá para viver, todos recebem o calor humano da querida Cidade Verde.
A cidade cresceu e se desenvolveu em todas as áreas. Então, como não falar do importante trabalho desempenhado pelos escrivães de Polícia Judiciária Civil ??? PJC? Entre uma investigação e outra, o acúmulo de muitas histórias registradas por esses profissionais.
O presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia Judiciária Civil ??? Sindepojuc, Davi Nogueira, é um dos que se considera cuiabano nascido no Paraná, como ele mesmo diz, pois chegou a Mato Grosso em 1991. Antes, morou em Rondônia, mas não teve dúvidas de que Cuiabá seria a sua nova casa. ???Aos 19 anos quando cheguei aqui, tive a certeza de que esta seria a cidade em que construiria meu futuro. E, como tantos outros, fui muito bem acolhido, marca registrada do povo cuiabano???, destacou Davi.
Nessa trajetória na Capital, dois fatos curiosos foram relatados por Davi. O primeiro se refere à dúvida que teve quando perguntou a profissão de uma testemunha. A resposta: operador de ???paresiga???. Davi sem ter ideia do que era, pediu explicação: - pessoa que fica nas rodovias alertando sobre obras na pista com a placa: Pare e Siga. ???Mas, ele pronunciou tão rápido que ficou paresiga???.
A segunda história, um caso de latrocínio, na mesma pergunta sobre a profissão à testemunha, o inesperado: encarregado de matança. O detalhe é que havia uma peixeira escondida na bota do indivíduo. ???Foi inusitado porque investigava um caso de latrocínio e o cidadão entrou na delegacia com uma peixeira. Na verdade, ele trabalhava num frigorífico e, era pessoa de bem. Fatos como esses que demonstram a simplicidade do povo cuiabano, pois mesmo sabendo que está sendo interrogado por causa de um fato grave, vai à delegacia dessa forma. São peculiaridades desta terra que escolhi para viver???.
A escrivã aposentada Silvana Veloso também coleciona fatos inusitados ao longo dos 30 anos de serviços prestados. E destaca os riscos dos escrivães no exercício da profissão. Explicou que, certa vez, ao interrogar uma pessoa, perguntou se ele tinha problemas mentais e, pra sua surpresa, a resposta foi sim, inclusive, que já tinha se internado num hospício.
???O detalhe é que naquele momento estávamos sozinhos na delegacia. Senti muito medo, pois me olhava com o aspecto transtornado. Tentei manter a postura dizendo que estava tudo bem, até disse que muitas pessoas têm problemas de ordem mental, etc. Foi quando ele me disse: vou embora, levantou e saiu. E, depois, fui cobrada por não ter impedido que fosse embora. Imagina, medo!???.
Ela também recorda a evolução tecnológica nas delegacias de Cuiabá com o advento da máquina de escrever e, posteriormente, informática. ???Vi as transformações de forma positiva. Lembro-me que ficamos assustados quando chegaram as máquinas de escrever elétricas. Depois o encanto foi com a chegada do Fax, que de tão importante, era guardado em sala fechada. Com a chegada dos computadores tudo mudou. Deixamos de datilografar os flagrantes nas vias carbonadas e os carimbos. Hoje, sei que meus amigos trabalham com mais conforto. Pode não ser o ideal ainda, porque as carências são muitas, mas para quem viu a polícia há 30 anos, sabe o quanto evoluiu nosso trabalho na Capital e também no interior???.
De família tradicional cuiabana, o escrivão Luis Otávio Ribeiro, se diz orgulhoso da sua terra. ???Amo essa cidade e não a trocaria por nenhuma outra. Sempre defendi e continuarei defendendo os nossos costumes, inclusive, a cultura musical, com os tradicionais ritmos rasqueado e lambadão. Temos também a riqueza das festas de santo. Uma tradição que passa de geração a geração sempre regadas a muita música e comidas típicas, além do calor humano indescritível, apaixonante, como é tomar o guaraná ralado cedo e um chá com bolo no final da tarde. Assim é a minha querida Cuiabá???.
Ribeiro recorda que, certa vez, a equipe prendeu um jovem ???playboyzinho??? e momentos depois chegou o pai dele dando carteirada na delegacia do tipo: você sabe quem eu sou? E Ribeiro respondeu que não. Com ar de superioridade, o senhor disse que era candidato a vereador de uma cidade do interior do estado. ???Achamos até engraçado diante dos fatos, mas o filho dele continuou detido normalmente, e claro, fizemos o nosso trabalho sendo ele quem fosse!???.
Num dos atendimentos feito pela escrivã e diretora do Sindepojuc, Janaína Paula Brito de Souza Silva, o curioso foi ter que atender uma vítima que acusava dois homens de abuso sexual. Detalhe é que os três envolvidos eram surdos. ???Fiquei sem ação no momento do atendimento. Imaginem os três na delegacia tentando me explicar o ocorrido, gesticulando a cena de sexo. Tivemos que chamar a irmã da vítima para nos ajudar a entender tudo. Depois acabei fazendo um curso da linguagem de sinais para facilitar meu trabalho???.