COMUNICADO Nota de Pesar: Julia Zomer Continue Lendo
08/03/2019
Aposentadoria da mulher policial, um direito justo! Escrivãs falam sobre a mudança na rotina com a conquista do benefício. Sindicato demonstra preocupação com as mudanças na Reforma da Previdência
No Dia Internacional da Mulher – 08 de março, o Sindicato dos Escrivães de Polícia Judiciária Civil – Sindepojuc parabeniza as escrivãs pelo esforço e dedicação à profissão. Reafirma o compromisso de lutar em defesa da categoria e garantir os direitos adquiridos. Um deles é a aposentadoria especial para a mulher policial, que após 25 anos de trabalhos prestados, sendo 15 desses no exercício da profissão, tem o direito ao benefício, conforme as leis complementares: Lei Federal 144/2014 e a Lei 401/2010, que foi alterada pela Lei 558/14.
Para o presidente do sindicato, Davi Nogueira, a data é um momento para reflexão sobre os prejuízos que o servidor público poderá sofrer, caso a Reforma da Previdência seja aprovada de acordo com o texto atual, em tramitação no Congresso Nacional, que prevê para policiais civis, federais, agentes penitenciários e socioeducativos, a idade mínima de 55 anos para aposentadoria da mulher policial, mais 25 anos de tempo de contribuição, sendo 20 anos no exercício no cargo.
“A nova proposta do governo representa um retrocesso aos avanços consolidados pelos servidores públicos. Por isso, hoje, Dia da Mulher, chamamos a atenção para essa questão, que se aprovada prejudicará, sobremaneira, todos os servidores, em especial as mulheres. As consequências serão nefastas, pois, a maioria vai chegar à aposentadoria em idade avançada, deixando de usufruir o benefício no auge da idade e em boas condições de saúde. A exemplo de muitas colegas que, atualmente, aproveitam da melhor maneira possível a aposentadoria conquistada com muito trabalho”, alerta o presidente.
Aposentadoria, sensação do dever cumprido
Com muito alto astral, a escrivã Hilda Nerakta está aposentada desde 2013, tendo mais tempo para a família, viagens e muita diversão, como ela mesma relata. “Minha rotina agora é ser dona de casa, mãe e tia. Coisas que antes não tinha tempo quando trabalhava nas delegacias. Em Juara e Porto dos Gaúchos era a única escrivã. Agora, aposentada viajo com regularidade, aliás, só não vou mais por falta de dinheiro. Mas, já estou me programando para a próxima viagem neste ano, vou conhecer Paris”, diz toda animada.
Mas, se engana quem pensa que a rotina da escrivã sempre foi recheada de bem-estar. Ela, assim como milhares de brasileiros, precisou trabalhar muito e contribuir com a previdência por muitos anos, para obter a tão sonhada aposentadoria. Hilda ingressou na PJC, como escrivã comissionada em abril de 1984, passou no concurso público em 1986, quando foi nomeada, trabalhando por mais de 30 anos. Moradora de Sinop desde 1997, tem uma filha de 28 anos e, agora, tem tempo também para a sobrinha-afilhada que foi morar junto para estudar na mesma cidade.
“Entrei na PJC que meio por acaso, pois à época fui convidada para trabalhar na Delegacia de Polícia de Juara. Eu já trabalhava no comércio com meu pai, mas não tive dúvidas e aceitei o convite. Assim, segui carreira e, hoje, me sinto privilegiada por conseguir me aposentar no auge da minha saúde e idade. Se eu tivesse que trabalhar mais tempo seria bem difícil, pois já não suportava fazer I.P. e aguentar a "xaropice" da chefia. Sim, é natural esse sentimento porque chega um momento da carreira que cansamos e aí, não tem jeito, é preciso parar. Me aposentei na hora certa e com fôlego pra usufruir o benefício conquistado a duras penas!”, destaca Hilda.
Ela considera gratificante ter um dia especial de homenagens às mulheres. Contudo, não se considera sexo frágil. “Essa frase não me define. Me considero uma mulher forte. Gosto da falta de obrigação diária, de não ter que cumprir horários e determinações. Agora, tenho mais tempo para cuidar de mim, com massagens e agradáveis momentos no salão de beleza. Ficar em casa simplesmente vendo TV ou viajando é compensador por tudo que já fiz”, relata.
Ela cita que com a aposentadoria teve oportunidade de conhecer o Chile, numa viagem inesquecível com as amigas; assistir ao show do Paul McCartney; conhecer praias exuberantes como as de Salvador e Alagoas. Mas, se preocupa com o fato de que a Reforma da Previdência dificultará a aposentadoria de muitos trabalhadores. “Por isso, me sinto privilegiada porque tenho tempo para reunir com a família e amigos pra bater papo, degustar um café da tarde, saborear uma sopa à noite e, ou uma boa cervejinha. Mas, quando lembro o quanto sofri para conquistar tudo isso, a sensação é melhor ainda. É o retorno do dever cumprido!”
Aposentadoria, mais tempo para cuidar da saúde
Após 31 anos de contribuição, a contadora e escrivã Joana Pereira Silva, também conseguiu se aposentar. Com dedicação exclusiva aos afazeres domésticos e cuidados com a saúde frágil, ela diz que tem saudades dos colegas de trabalho. Mas, agradece a oportunidade de ter mais tempo para a convivência familiar. “No início a rotina é muito estranha, senti muita falta dos amigos e fui estudar para preencher meu tempo. Agora, pratico hidroginástica por recomendação médica, resolvo questões de toda ordem como a bancária, vou a consultas médicas e me dedico aos cuidados da casa. É muito bom ter tempo disponível e o rendimento da aposentadoria para nos manter”, assegura.
Com a chegada da aposentadoria, Joana teve a oportunidade de estudar Gastronomia, fazer novas amizades e cuidar da saúde para controlar a diabetes e problema na coluna. Ela ingressou na área administrativa em 1979, foi aprovada em concurso para escrivã em 1992, se aposentando em 2003, deixando um grande legado no serviço público.
“Tenho um casal de filhos e dois netos. Moro com minha filha e gosto do tempo livre para cuidar das minhas coisas. Graças a Deus tenho meu salário para sobreviver e me cuidar”, avalia, ao destacar que não consegue nem imaginar como seria se tivesse que trabalhar muito mais para se aposentar, conforme as exigências do atual governo.
Aposentadoria, diversão garantida
A escrivã Maria Christina Trautmann edicou 23 anos a função de escrivã, quando ingressou nos quadros da PJCMT em 03 de março de 1989, sendo efetivada dois anos depois. Aposentada há sete anos, começou a se ocupar com a confecção de artesanato e à família. Contudo, seu espírito aventureiro despertou para viagens incríveis em meio à natureza, que segundo ela, a diversão é garantida.
Assim, Cristina passou a desfrutar de bem-estar junto de amigos e lugares encantadores. “Inicialmente, conheci pontos turísticos brasileiros, mas sempre escolhendo cidades com turismo ecológico. Nos últimos 24 meses, decidi conhecer a minha região Araguaia, pois Barra do Garças é uma cidade rica em cachoeiras e rios maravilhosos. Faço trilhas, já me aventurei em caiaque, barcos e passeios ecológicos na Serra do Roncador, não tenho palavras para descrever tudo isso, maravilhoso é pouco”, se derrete a escrivã, ao nos contar que já planeja novas aventuras nas terras mato-grossenses como Pantanal, Nobres, Juscimeira, e também em alguns lugares de Goiás.
Para Cristina, com a conquista da aposentadoria aprendeu a cuidar mais da saúde física e mental, que segundo ela “foi transformador!” Ela se refere aos exercícios físicos diários e ao curso de Reiki, que a ajudou a obter autoconhecimento e controle mental para tratar ansiedade. Também define como merecida a aposentadoria pela dedicação nos longos anos de trabalho, quando teve que conciliar com as tarefas de mãe de três filhos, avó dos três netos e, principalmente, mulher vaidosa, como ela mesma se intitula.
“Às colegas aposentadas e da ativa quero que jamais pensem que não são merecedoras do sucesso e que não vencerão seus obstáculos. Tudo tem um motivo para acontecer. Mas, acreditem a vida é ótima, e cabe a nós aceitar e TRANSFORMAR erros em acertos, tristezas em felicidade, doenças em saúde. Por isso, parabéns às mulheres por esse dia tão especial!”, conclui.